Programa foi iniciado neste mês de julho a partir dos primeiros registros da espécie na região
Com a chegada das baleias da espécie franca ao litoral catarinense e as atividades de ampliação e melhoria de infraestrutura na área portuária, teve início neste mês de julho a segunda edição do Programa de Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e adjacências. Desta forma, a cidade que está localizada no coração de uma Unidade de Conservação, detém o título de Capital Nacional da Baleia Franca e é sede de um dos principais portos do Sul do país, ostenta também o fato de ser referência quando o assunto é desenvolvimento sustentável.
O programa foi proposto pela administração do Porto, em conjunto com o Tecon Imbituba e a Construtora Andrade Gutierrez, por intervenção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, órgão gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, a fim de minimizar possíveis interferências no processo reprodutivo das baleias franca neste local. A metodologia foi especialmente desenvolvida pelo Projeto Baleia Franca, ONG que trabalha com a espécie há 28 anos, e está sendo coordenada de forma compartilhada com a APA da Baleia Franca e o Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), ambos órgãos do ICMBio, vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.
"É nossa atribuição legal zelar pela recuperação populacional desta espécie. A partir das conversas com o Porto, a situação tornou-se uma referência na conciliação de expansão portuária e proteção ao meio ambiente. E isto foi feito de forma exemplar porque o empreendedor se dispôs a considerar a necessidade", afirmou a Chefe da APA da Baleia Franca, Maria Elizabeth Carvalho da Rocha. "O Programa de Monitoramento nos dá a segurança de que nossas atividades, que correspondem a um fator fundamental à economia da região, não interferem no comportamento e na preservação da espécie que é símbolo da nossa cidade", disse o Administrador do Porto de Imbituba, Jeziel Pamato de Souza.
“O nosso objetivo é garantir o bem-estar dos animais e subsidiar o Porto com informações técnicas para que as atividades sejam executadas com vistas a causar o menor impacto possível. A metodologia foi criada a partir de um estudo de decaimento sonoro que analisou o tipo de ruído e a propagação do som oriunda da cravação de estacas. Em função disto, definimos as áreas de segurança e sobreaviso e há monitoramento em um raio de até quatro quilômetros a partir do bate-estacas”, explicou Karina Groch, Ph.D. em Biologia Animal, diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca e mentora da metodologia que está em execução.
São três as áreas monitoradas pela equipe do Projeto Baleia Franca, denominadas Área de Sobreaviso 1 e 2 e Área de Segurança. Com um sistema de bandeiras e a comunicação instantânea por meio de rádios, as equipes de monitoramento informam sobre o posicionamento, a velocidade e a direção de deslocamento dos animais no entorno do Porto de Imbituba, a fim de que as atividades sejam paralisadas imediata e momentaneamente caso uma baleia franca entre na Área de Segurança - que compreende o raio de 2km a partir da fonte geradora de ruído, no caso, o bate-estacas. Para monitorar estas áreas, a equipe do Projeto Baleia Franca se distribui em três pontos: um localizado no Morro do Farol, outro na encosta que fica do lado oposto ao Porto de Imbituba e o terceiro ponto no costão Sul da Praia da Ribanceira.
"Nos últimos anos, a Praia da Ribanceira é a enseada de maior ocorrência de baleias franca. Por isto, o terceiro ponto é fundamental, pois contempla as áreas de sobreaviso, além de possibilitar uma melhor observação por parte da nossa equipe. Como o número de indivíduos é maior e a presença é mais constante, o monitoramento a partir deste local permite a amostragem comportamental e de ocorrência das francas proporcionando comparação com anos anteriores e verificação de tendências e/ou possíveis alterações que ocorram em função das obras", completou Karina.
Além do monitoramento, medidas de redução do impacto sonoro foram tomadas pela Construtora Andrade Gutierrez. "Uma cortina de bolhas envolve o bate-estaca minimizando o ruído gerado pela cravação", explicou Ricardo de Freitas Kasper, Gerente de Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde da obra.
Em 2009, foram poucos os casos registrados de avanço das francas às Áreas de Sobreaviso e de Segurança, fazendo com que as atividades ocorressem com fluidez. "Conseguimos executar 73% do trabalho que estava previsto para o período em que tivemos o monitoramento. É um número extremamente eficiente quando o valor agregado é a nossa responsabilidade com a questão ambiental", afirmou Bruno Figurelli, superintendente do Tecon Imbituba.
O Programa de Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba também compreende atividades de monitoramento aéreo na APA da Baleia Franca, além da promoção da educação ambiental por meio da divulgação de materiais, como cartilhas e folders, para todas as escolas e nos principais pontos comerciais e turísticos da cidade. Iniciado em julho, o programa se estende até o mês de novembro, quando as baleias francas migram da costa catarinense para as áreas de alimentação próximas à Antártida.
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