O Porto de Imbituba está a todo vapor! O motivo é a retomada de 100% das obras de ampliação do cais de atracação com o retorno do bate-estacas, em operação desde terça-feira, dia 6. O trabalho só pôde ser executado mediante monitoramento das baleias francas na região portuária e no entorno, uma forma de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ao meio ambiente encontrada pela administração do Porto de Imbituba, Tecon Imbituba e Construtora Andrade Gutierrez em parceria com o Projeto Baleia Franca e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Bate-estacas em operação:
“Houve receio quanto ao início das atividades apenas no primeiro dia, pois a dificuldade na visibilidade pela manhã ocasionou paralisação no monitoramento. Não podemos cravar estacas se não houver condições de monitoramento ou quando a bandeira vermelha é acionada, acusando a presença das baleias francas. Desde a tarde de terça-feira, porém, pudemos trabalhar normalmente”, explicou Ricardo Kasper, gerente de Qualidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança da Construtora Andrade Gutierrez. “A comunicação está muito eficiente para todos os envolvidos. Durante o período de montagem do bate-estacas, houve adaptação dos funcionários ao procedimento já que o monitoramento estava em execução desde agosto. Isto facilitou a integração entre todos”, completou.
“Apesar de toda a preocupação que a Construtora Andrade Gutierrez tem com o meio ambiente, isto tudo é novo para nós por ser algo muito específico da região. O que nos deixa ainda mais satisfeitos é o comprometimento de nossos funcionários. Mesmo aqueles que não dependem do monitoramento para realizarem seus trabalhos estão sempre atentos às bandeiras, ligados à operação e à presença das baleias francas na região. A conscientização dos colaboradores atende diretamente à política ambiental da empresa”, finalizou o gerente.
”Sensação é de dever cumprido”:
Para o Administrador do Porto de Imbituba, Jeziel Pamato de Souza, o sentimento é de satisfação com a condução e gestão dos problemas causados pelo embargo. “Fica a sensação de dever cumprido no que tange à atuação para o desembargo e retomada das atividades. Isto prova que a decisão de buscar o entendimento foi a melhor solução para o empreendimento”, destacou Jeziel. “O que está em execução atualmente é fruto de um trabalho árduo que vem sendo feito ao longo de seis anos pela Companhia Docas de Imbituba a fim de melhorar e ampliar o Porto. Só há possibilidade de desenvolvimento se houver uma postura de diálogo desde o início dos processos entre autoridades ambientais e empreendedores”, ressaltou.
Segurança para as baleias francas:
O monitoramento é realizado a partir de três pontos fixos, um localizado em uma encosta próxima ao cais, outro no Morro do Farol e um terceiro no costão da Praia da Ribanceira. O segundo e o terceiro ponto servem de apoio e segurança ao monitoramento realizado no ponto fixo do cais. “Com as informações dos outros dois pontos fixos, temos a segurança quanto ao posicionamento e ao deslocamento das francas, o que torna mais eficiente o nosso trabalho. A comunicação é instantânea e a margem de segurança nos deixa satisfeitos no que diz respeito à proteção da espécie. Sexta-feira, por exemplo, 13 grupos de baleias francas estavam na Praia da Ribanceira, mas nenhum se deslocou em direção ao Porto e não foi necessária a paralisação das atividades”, contou Audrey Amorim, gerente de campo do Projeto Baleia Franca.
O Programa de Monitoramento das Baleias Francas no Porto de Imbituba e adjacências resultará em materiais científicos inéditos a respeito do comportamento da espécie diante das atividades portuárias. “É uma oportunidade única de avaliarmos a velocidade de deslocamento, o intervalo respiratório e o mapa de ocorrência destes indivíduos, além de compararmos os padrões de comportamento da espécie durante o funcionamento do bate-estacas”, destacou Audrey.
“Nos últimos anos, a Praia da Ribanceira é a enseada com maior ocorrência de baleias francas, o que motivou o estabelecimento do terceiro ponto. A observação neste local permite amostragem comportamental e de ocorrência das francas proporcionando comparação com anos anteriores e verificação de tendências e/ou possíveis alterações que ocorram em função das obras”, explicou Karina Groch, Ph.D. em Biologia Animal, diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca e idealizadora da metodologia que está em execução. “Nossa metodologia foi criada a partir de um estudo prévio que analisou o tipo de ruído e a propagação do som oriunda da cravação de estacas. Em função disto, definimos as áreas de segurança e sobreaviso e há monitoramento em um raio de até quatro quilômetros a partir do bate-estacas”.
Entenda o caso:
No dia 8 de julho, o Porto de Imbituba recebeu uma notificação por parte do ICMBio suspendendo as operações de bate-estacas e martelete. Em 13 de agosto, foi decretado o embargo às obras de recuperação dos molhes, ampliação do cais e dragagem. A partir disso, foi implantada uma postura que serve como referência no gerenciamento de situações que envolvem o desenvolvimento econômico e o respeito ao meio ambiente.
Por meio do diálogo entre as partes envolvidas e a proposta de uma adequação das atividades portuárias de forma a não prejudicar a área de reprodução das baleias francas, o embargo às obras caiu em 14 de setembro, possibilitando a continuidade de todas as atividades desenvolvidas desde que haja paralisação momentânea em caso de avistagem dos cetáceos nas áreas pré-determinadas.
O programa foi proposto pela administração do Porto, com uma metodologia especialmente desenvolvida pelo Projeto Baleia Franca, com coordenação compartilhada com a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca e o Centro de Mamíferos Aquáticos, ambos órgãos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Texto fornecido por:
Michele Cardoso
KRILL Assessoria e Comunicação |